Em maio eu contei aqui como foi correr grávida e hoje venho contar como está sendo correr no pós-parto.
Depois de uma gravidez linda, tranquila e super saudável, no dia 17 de julho a Beatriz decidiu que queria nascer. Depois de um trabalho de parto lindo, ela nasceu com quase 4kg e mais de 50cm. Linda, porém o que ninguém esperava é que a minha Bia tinha um problema genético e precisou ficar na UTI depois de um susto logo após nascer. Ela ficou 20 minutos sem respirar, teve que ser reanimada e foi pra UTI Neonatal num estado muito grave. Depois de 4 dias na UTI Neonatal, ela virou um anjinho. Esse problema genético não tinha como detectar durante a gravidez, pois em todos os exames ela se desenvolveu perfeitamente, nunca deu nenhuma alteração. Apenas quando ela nasceu e o pulmão dela precisou trabalhar sozinho que descobrimos que ela tinha um problema (dentro da barriga o pulmão não funciona igual funciona fora do útero).
Foram os 4 piores dias da minha vida, estava feliz por apesar de tudo ela estar sendo guerreira e aguentando firme. Tinha esperanças de um milagre, de vê-la crescer e poder curtir tudo que tinha sonhado para nós. Mas ver minha baixinha ligada a um monte de aparelhos e sem saber a causa (só fomos saber depois de um mês) acabava comigo. Se não fosse a família, os amigos e meu marido me apoiando não sei o que seria de mim. Por não saber o motivo, eu achava que eu tinha feito algo errado durante a gravidez, chorava quase o dia inteiro e a dor de vê-la sedada era terrível. Não desejo isso para ninguém, nenhum pai e mãe deveria passar por isso. Depois de um mês tivemos uma resposta do que aconteceu e isso aliviou meu coração, pois nada que eu fizesse poderia ter mudado o que aconteceu. Mas a dor da perda e as saudades dela são coisas que sempre estarão presentes na minha vida. Tenho saudades do que não vivemos, mas serei eternamente grata a Deus por me permitir carregá-la por nove meses na barriga e a ter por quatro dias, pude beijá-la, sentir seu cheirinho, fazer muito carinho e cantar para ela.
Meu parto foi normal e assim que completei um mês meu médico me liberou para correr. Ficar em casa sem muita coisa pra fazer, fazia eu pensar na Bia o tempo todo, só conseguia pensar em outra coisa quando estava com meu filho mais velho, o Dudu. Ele me deu (e me dá diariamente) muitas forças para seguir. #amormaior
Voltei aos poucos a correr, com a ajuda do Celso da Go Personal Assessoria Esportiva e meu treinador da academia. Nos primeiros treinos sentia um ligeiro incômodo nos pontos do parto (foram só dois), mas depois da primeira semana foi melhorando e logo não sentia mais. A primeira semana corri na esteira e fiz uma prova, a Circuito Lótus e corri com o Dudu na SP Kids Run. Depois comecei a correr no parque e a corrida se transformou em uma ajuda para eu seguir a vida. Posso dizer hoje que a corrida me ajudou (e me ajuda) de diversas formas a superar o luto.
Nos primeiros treinos eu acho que mais chorava do que corria, tudo me lembrava a Bia, olhava pro céu e chorava, corria e lembrava quando ela estava na barriga, entrava no carro e toda música me lembrava dela, não foi fácil. Mas com a ajuda da terapeuta e o apoio da família e dos amigos, os treinos começaram a ficar mais leves, acho que não só eles, mas a vida em si.
Quando sentia o coração pesado, corria maltratando o asfalto, deixava tudo de ruim que sentia no suor e nos quilômetros rodados. Depois vinha a adrenalina de ter terminado o treino e aquela sensação de “missão cumprida”, isso me fazia (e me faz) muito bem. Então não faltei em nenhum treino e segui treinando, em outubro fui na Maratona Internacional de São Paulo e em novembro fui na 5ª SP Run. 😉
Hoje já faz quase 4 meses que voltei a correr, esse post era para ter saído bem antes, mas sou uma pessoa emotiva e toda vez que sentava para escrevê-lo gastava uma caixinha de lenços (e foi mais uma para terminá-lo).
Hoje sinto que estou bem próxima da forma de antes de engravidar. Ainda tenho uns quilinhos pra perder, mas sei que chego lá, não tenho pressa. Tudo que aconteceu me fez perceber que a corrida me ensinou muitas coisas. Sei que tudo tem seu tempo, não adianta a gente querer correr rápido do nada, temos que ter paciência e ir construindo um caminho a cada treino, a cada passo dado, ser persistente. Quando aconteceu tudo com a Bia, imaginava que ela iria ficar um bom tempo no hospital e sempre pensava… assim como na corrida, aos poucos ela vai melhorando e um dia vai ter alta, é só ter paciência e viver um dia de cada vez, comemorar as pequenas vitórias. Depois que ela faleceu, segui a mesma lógica… é só ter paciência que a saudade vai substituir a dor e vou aprender a viver com isso, um dia após o outro vai melhorar.
E foi melhorando, hoje sinto muitas saudades da Bia, mas sei que ela está bem, não está sofrendo e iluminou a nossa vida com a sua curta presença. #minhaanjinha
Aprendi muito com tudo que aconteceu, amadureci e comecei a ver a vida de outra forma. Hoje dou muito mais valor por cada dia vivido, por cada experiência boa ou ruim, por cada pessoa que tenho na minha vida, tenho mais fé do que antes e sei que todo problema (tirando a morte) tem solução e absolutamente tudo pode ser superado. 🙂
E por isso digo, viva a vida, a gente não sabe o dia de amanhã. E a vida é curta (mesmo que você tenha a sorte de viver 100 anos), então não vale se estressar com coisas e pessoas pequenas que não agregam nada à sua vida. Dê valor ao que você tem e às pequenas vitórias, pode ser clichê, mas é verdade… viva cada dia como se fosse o último. 😉
E para terminar o ano, vou correr a São Silvestre pela primeira vez. 😉 E a vida segue, tem que seguir. <3
Adorei o post =D
Inspirador =*
sinto muito pela sua perda mari, não consigo nem imaginar o tamanho da dor que você deve ter sentido mas me alegra saber que você encontrou uma atividade pra te ajudar a superar isso e ver que você pode contar com tanta gente que te ama. espero que cada dia fique um pouquinho mais fácil lidar com isso. :*
Mari, sinto muito por isso! Nem consigo imaginar o tamanho da sua dor, mas é muito bom ver que você está levantando e, como você disse, trocando a dor pela saudade. Seu post foi muito lindo! Parabéns pela força! Nada com um dia após o outro, né?
Beijos!
Sempre te considerei um exemplo, Mari… E poder ter tido a oportunidade de te ajudar (de alguma forma) nesse processo difícil me deixa feliz e orgulhosa de te ver assim: pra cima e sempre pensando positivamente. Que a sua história inspire outras pessoas a serem melhores diariamente. Sabemos que a Bia está bem e de lá de cima, agradece o seu imenso amor e carinho. Sinta-se abraçada. <3 beijos!
Mari,
Realmente você foi uma guerreira! Quando soube fiquei sem reação e achei melhor nem te mandar uma msg.. Não tinha o que falar e não teria o que você responder!
Ver você aos poucos se superando ao ponto de fazer esse lindo post mostra o quanto você é forte.
A terapia da corrida também faz milagres. Quero ver você sempre sorrindo falando de corrida pelos cotovelos.. E vamos combinar melhor essa São Silvestre 😉
Grande beijo para a família.
Léo
Oi Mari, lembra de mim? Nedja, estudamos juntas. Fiquei feliz em te encontrar por aqui, e mais feliz pelo exemplo de superação que você está nos dando.
Eu tive dois abortos antes de ter minha filha e durante todo o tempo me pergunto o que fiz para não ter conseguido nas duas outras gestações. Ter o discernimento de voltar à vida é muito difícil, mas com fé conseguimos.
A sua Bia está lá de cima olhando para você e sabe o quanto você a ama. bj.
Mari, tive que ler em pedaços pra não cair aos prantos no trabalho.
Senti daqui um pouquinho da sua dor (pq acho que deve ter sido bem maior por aí) e imagino o quanto tudo isso deve ser difícil voltar a vida quando se está cheia de tristeza no coração…
Admiro sua força pela maneira de ir atrás da vida, de tentar superar e de ir a luta pra aprender a conviver com a dor e a saudade.
Vc está certíssima.
(Mas não consigo parar de morrer de vergonha com a minha gafe…)
Beijos pra vc! E pro lindo do Dudu.
Meus sentimentos, sua força me inspira.
Olá Mari, confesso que senti um nó na garganta quando comecei a ler o seu depoimento. Acompanho o blog e vi sua alegria diante da gravidez. Porém no final vc me passou uma msg muito linda com a sua superação e me mostrou que realmente tudo se da jeito nesta vida. Obrigada por compartilhar com a gente e que Deus ilumine seu caminho pra vc continuar firme na caminhada. Vc é Guerreira!
Oi, Mari! Te acompanho pelo Instagram e em algum momento não percebi que a sua filhota acabou virando anjinha, puxa vida, sinto muitíssimo pela sua perda. Seu relato é emocionante tanto pela força em superar a perda quanto pela dedicação em voltar para as pistas. Realmente é terapêutico correr, a gente deixa um mundo de preocupações e estresse pra trás, não tem coisa melhor.
Obrigada por compartilhar esse fato com a gente, é preciso coragem pra se expor e falar de um assunto tão dolorido. Parabéns pela força também! <3
Oi Mari
Vc, assim como a anjinha Bia, é uma guerreira. Imagino o quanto tudo isso seja difícil pra vc e é bom a gente ter algum estímulo a continuar a viver, seja com a corrida, cozinhando, enfim, fazendo algo que lhe dê prazer. Tudo de bom pra vc e sinta-se abraçada pelas suas leitoras.
Delma
Mari, ler seu post me fez chorar pela sua perda e pela minha. Também passei por um drama parecido, tbm tenho uma anjinha no céu cuidando de mim. Ainda bem que você rapidamente se reencontrou, eu levei algum tempo para entender e superar a perda. Que Deus te abençoe e, pode ter certeza, um dia vc será recompensada. Beijos grandes!
Oi…. Fiquei muito triste com o seu relato!!! Só de imaginar a dor que vc sentiu e ainda sente!!! mas, ainda bem que vc encontrou na corrida uma maneira de se superar!!! Meus sentimentos….
Parabéns pela sua força e determinação, você chegara longe com sua anjinha te acompanhando!