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Minha corrida: Mari Frioli – Minha primeira maratona

Olá mulherada!

É com muita alegria e sensação de missão cumprida que eu começo esse post. Vocês acompanharam nos últimos meses toda a preparação para a minha primeira maratona e agora venho dividir como foi, dar dicas, e com meu relato espero ajudar quem tem esse sonho. 😀 Tentei ser bem detalhista, pra mostrar como foi, pois é algo que eu sentia falta nos relatos de outros corredores. Então, vamos lá… senta que lá vem história!

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O certificado! MARATONISTA com muito orgulho e felicidade!

No dia 5 cheguei na França à tarde, e depois de deixar as malas no apartamento, já fui treinar para me ambientar ao local. Corri onde seria a largada da maratona por uma hora, e foi muito bom para tirar um pouco da ansiedade. Nos dias seguintes consegui ficar bem mais tranquila. 😀

No dia 6, eu e a Ju fomos para Cannes, o destino final da maratona. E eu escolhi começar os passeios pela cidade propositalmente, pois queria dar uma olhada no percurso. Mas não deu pra ver muita coisa, pois o ônibus fazia um caminho bem diferente, rs, mas “senti” a distância. 😀 Na noite da sexta-feira ainda tivemos um coquetel com os embaixadores e a organização da prova.

No sábado, dia 7, ficamos num hotel a beira-mar lindo que a organização nos cedeu e fui retirar meu kit. Tudo muito bem organizado, só entra na retirada dos kits que tem o comprovante da inscrição. Primeiro você pega o número de peito e o chip de cronometragem (era daqueles que vem no verso do número de peito), e eles já dão uma sacola específica para você colocar seu kit pós-prova e entregar no guarda-volumes móvel (você deixava em Nice a sacola e pegava em Cannes). Depois ganhei um monte de papéis de publicidade e a mochila da prova. Não ganhamos camiseta, lá na Europa só ganha a camiseta de uma corrida quem a terminou. Eu achei bem diferente e legal isso! 😀

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Kit retirado! Foto tradicional com o número de peito, rs.

Depois da retirada do kit ainda ganhei uma camiseta de embaixadora e a Ju um kit de imprensa com credencial e muitas informações sobre a corrida. 🙂 Ainda tinha uma corrida beneficente de 30 minutos, mas como tivemos de esperar o pessoal da organização, não deu pra participar. Mas morremos de rir, pois a largada era dada fora da tenda, mas o pessoal corria pelas tendas e somente depois na rua. Daí o povo largou e 10 minutos depois ainda estavam tentando passar pela tenda. Afinal, sábado é o dia mais cheio para retirar kits em qualquer lugar do mundo.

Nas tendas com expositores, havia muuuitas marcas conhecidas da gente (Adidas, Flipbelt, GU, etc.) e alguns produtos que ainda só vendem por lá. Como o euro não tá barato, eu nem levei o meu cartão para não ficar tentada, rs. Fiz meu treino de 5 km para soltar as pernas com o sol bem forte e ainda passeei um pouco por Nice. Eu não esperava calor para a prova, mas não achei ruim. Eu tava com medo de chover, pois em uma das últimas edições da prova choveu, então tava feliz por qualquer coisa que não fosse chuva no dia seguinte, rs.

Durante o dia todo do sábado eu segui bem direitinho a dieta que a nutricionista me passou, muito carboidrato, um pouco de proteína, quase nada de fibras, nada de laticínios, nada de álcool, e principalmente, nada de novo. 🙂 Deu trabalho pra acharmos algo para almoçar, almocei uma bela macarronada. No jantar comi exatamente a mesma coisa, junto com a Ana (<3, também embaixadora da corrida) e a Yamily (fotógrafa querida, amiga da Ana, que também virou nossa amiga). Eu já havia deixado desde cedo tudo separado para a corrida, e antes de dormir chequei umas três vezes. 😛 Às 22h30 já estava capotada, dormi bem, acordei só no dia seguinte.

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Camiseta, número de peito já colocado, viseira, prendedor de cabelos, óculos, tênis amado, shorts e top, relógio gps, pulseira de pace, protetores solares (uso o pinkstick no rosto e um fator 50 no corpo), redless e cinto da Rudel com os géis, flor de sal e remédio para dor e piriri (não precisei, mas tem efeito psicológico carregá-los), rsrsrs.

Dia 8, o grande dia havia chegado. Acordei às 6h30 e tomei o café da manhã no hotel: suco de laranja, baguete e croissant. Depois terminei de me vestir e fui com as meninas para a largada. Acho que a única hora que fiquei ansiosa foi na hora de deixar a sacola no guarda-volumes (na minha coloquei calça, top, camiseta, toalha, remédio para dor muscular e barrinha de proteína). Eu e a Ana não achávamos o guarda-volumes e faltava pouco pra largada, demos até uma corridinha, mas daí achamos e ficamos tranquilas. 🙂 Aliás, os guarda-volumes eram vários caminhões e as bolsas ficavam penduradas ordenadas pelo número, na hora da retirada foi bem rápido retirar por conta disso.

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Ana e eu na largada! 🙂 Animação garantida!

A largada foi dada e comecei a correr bem animada, tive que ficar olhando o relógio para não me empolgar e sair forte. Lembro que nos quilômetros iniciais fiquei chocada com a quantidade de corredores parando nas moitas para “ir ao banheiro”, achei que era muito cedo pra já ter vontade, rs.  No começo havia muita torcida, depois só encontrávamos em alguns lugares, mas o pessoal tava bem animado.

Toda vez que havia algo (esponja, comida, isotônico, etc) havia também água, como estava com muito medo de desidratar por conta do calor, tomei em todos os postos. Também optei por tomar, porque por lá os copos são abertos e como sou estabanada, fiquei com medo de derrubar mais do que beber e não perceber. Não comi nada da organização, somente os géis que levei comigo, mas havia muitas opções: damasco seco, torrão de açúcar, banana, uva e outras frutas. Esponja só peguei em dois postos (os dois últimos), mas havia cinco postos com elas, as esponjas eram pequenas iguais as de lavar louça (diferentes da W21K, por exemplo), isotônico eu nunca bebo, e só tomei meio copo de Pepsi (mais pela curiosidade, porque amigos maratonistas tinham recomendado), mas não curti, pesou no estômago.

Em todos os postos, cerca de 100 m depois havia lixeiras gigantes e em algumas tinha até um alvo para você acertar. Aqui no Brasil vemos o pessoal pegar água e caminhar, mas lá é ainda mais comum, quando chegava os postos era a hora que eu fazia mais ultrapassagens. Tinha que ficar desviando para não bater em alguém, e ainda assim, acabava esbarrando em alguém por que a concentração de pessoas andando era muito grande. Até o marcador de ritmo reduzia nos postos.

Até o quilômetro 28,5 km, foi tudo bem tranquilo, mantive o mesmo ritmo do início e fui curtindo o visual e observando os outros corredores. Fui também fazendo alguns snaps (segue lá: aleitora) para deixar minha família tranquila. No km 29 veio uma subida mais forte, já tinha passado por algumas, mas ali senti um pouco o cansaço e o joelho direito começou a reclamar, mas nada grave. Então olhei pro relógio, fiz as contas, e vi que poderia reduzir e curtir ainda mais o visual, e ainda não correr o risco de não correr a Disney depois (hoje faltam 53 dias!). E o visual era incrível, minha atenção durante toda a prova foi dividida entre observar o mar e a vista linda da Riviera Francesa, e observar os corredores (muita gente de nacionalidades diferentes). Para a minha surpresa, não tive muito tempo para conversar comigo mesma, acho que no fim, até senti falta. Eram tantas coisas novas, tanta coisa que eu queria absorver, que acabei deixando a conversa interna para uma próxima prova, rs.

Depois do km 30, veio o cansaço natural e lembro de olhar muitas vezes pro relógio, porque parecia que tava mais devagar do que o relógio marcava, rs. Nessa hora lembrei da frase “São 30 km com as pernas, 10 km com a mente, 2 km com o coração e 195 com lágrimas“, daí pensei “agora é com a mente, bora lá!“. 😀 E veio mais uma subida no km 36, e daí minhas amigas… daí eu notei que já tava na placa dos 38 e a adrenalina que costuma chegar só depois que a gente termina, veio com tudo. Com tudo mesmo, eu ria sozinha, eu chorava de emoção, daí eu gritava “Allez, allez” (“Vá, Vá” em francês) pros outros corredores. Daí pela primeira vez na prova, coloquei música pra animar ainda mais e comecei a cantar alto, sozinha… e ria! 😛 Uma coisa de doido mesmo, quando faltavam dois quilômetros, já estava em Cannes (depois de passar por várias cidades: Nice, Saint Laurent du Var, Cagnes-sur-mer, Villeneuve Loubet, Antibes, Vallauris, Golfe Juan/Juan les Pins) e daí eu comecei a sofrer… mas não de dor, mas porque já ia acabar!

O último km foi um dos mais lentos, porque eu queria curtir mais. Quando vi a chegada (ela fica de um jeito que você só vê quando falta 200 metros pra terminar, e eu tava ansiosa pra ver), eu nem acelerei, como costumo fazer em toda prova. Ergui os braços, escancarei meu melhor sorriso e cruzei a linha de chegada! Assim que passei os dois tapetes de cronometragem ainda dei um pulo de alegria! Eu me senti absurdamente realizada, absurdamente feliz! <3

Daí vi a Ju e desabei num choro, choramos juntas, era muita emoção acumulada (na passagem dos 10 km eu já tava com vontade de chorar). Passou um filminho de toda preparação, do quanto tive que renunciar, do quanto tive que suar para estar ali terminando a maratona. E ali comprovei o que eu acreditava: os treinos são mais difíceis do que a maratona propriamente. Chorei por fechar um ciclo da minha vida, chorei por ter conseguido, por ter provado que os limites realmente estão só na nossa cabeça.

Eu tive vontade de chorar a prova toda, pois toda hora me sentia muito grata por estar ali, por poder viver aquilo, por ter saúde, por ter conseguido fazer todos os treinos, pela Riviera Francesa ser tão linda, por ter amigos e uma família incrível que sempre me apoiam. Não conseguiria contar quantas vezes agradeci a Deus durante a prova, porque foram muitas. <3

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Abraço emocionado com a Ju.

Daí fui pegar minha medalha, os lanchinhos. Assim que sai da área de chegada comi dois lanchinhos pra ajudar na recuperação. Nós podíamos ficar bem ao lado da largada, numa área só para a imprensa, quando cheguei lá fiz um belo alongamento, principalmente para conferir se algum lugar doía, não tinha nada doendo, só me sentia muito cansada mesmo.

Ainda chorei um bocado já com a medalha no peito, enquanto enviava mensagens avisando que tinha terminado. Foi muito emocionante, nessa hora eu só conseguia pensar “sou uma maratonista!“. Depois fomos buscar minha sacola e fui direto pro mar, pra comemorar e também fazer uma crioterapia, rs (olha a desculpa!). E foi uma delícia ficar 10 minutinhos no mar gelado (por isso tinha toalha no meu kit pós-prova). Depois fomos comer num buffet que a organização preparou, e me joguei nos doces sem culpa. 🙂 Tinha também massagem, mas eu tava ligada no 220v e não aproveitei, queria andar e comemorar.

Retornamos para Nice bem tarde, chegamos, tomamos banho e fomos jantar. Para comemorar comi pizza quatro queijos (agora já podia comer muito laticínio, rs) que eu tava morrendo de vontade (França tem os melhores queijos), e brindamos eu, Ju, Ana e Yamily. 😀

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Curtindo a conquista!

Quero agradecer a AVI Viagens, Netshoes, Academia Bio Ritmo e 4any1 Assessoria Esportiva que ajudaram a realizar esse sonho, minhas companheiras de CM: Aline, Erica, Carô e Ju Ferrer, e principalmente a Ju Vargas que me acompanhou, me deu suporte e curtiu tudo comigo. Obrigada, obrigada, obrigada! <3 Tem um agradecimento mais completo aqui.

E você, leitora (e muitas amigas) que durante a preparação torceu por mim, em algum momento me deu uma palavra de incentivo, ou apenas um sorriso de confiança. Vocês fizeram isso ser possível! Obrigada, obrigada, obrigada! 😀

Foi incrível, ainda hoje me pego pensando se tudo não foi um sonho, porque foi perfeito. Mas não precisa me beliscar quando me ver não, rsrsrs. Eu sei que foi real, eu sou MARATONISTA. 😀

Mari Frioli
A Mari é maratonista e adora um desafio! Atualmente está voltando aos treinos após o nascimento da sua filha Fernanda. ;)

27 Comentários

  • Impossível não ler e não se emocionar, Mari! Sei um pouco do que você passou para chegar onde chegou e só consigo resumir em uma palavra: gratidão. obrigada por nos deixar participar da sua história, de deixar a gente se emocionar com a sua superação e de comemorar os seus louros. Espero que em breve a gente (10 pras 2, CM e agregados) possamos pular, cantar e se emocionar ao vivo com a sua história. O céu é o limite para você e as meninas do CM! Sou muito feliz em ser sua amiga. <3 Beijo grande!

    • Aninha, obrigada! <3 Seu comentário me emocionou. Eu que sou grata por poder dividir com você e nossos amigos um pouquinho da minha vida. <3 Já tem data o nosso encontro: aniversário do Dudu! <3

  • Foi muito emocionante, teve horas que meus olhinhos encheram de água, mas eu tinha que disfarçar né, foi minha primeira maratona assistindo também e do melhor ângulo haha…agora que venha Disney! <3

  • Mari!!!!
    Parabéns !!!que luxo ser maratonista !!! Acompanhei daqui tua preparação , estava torcendo por ti e esperando teu relato. Lindo, me emocionei contigo kkkkk muito feliz por ti! Parabéns !!! Bj

  • No dia (e horário que vc estava correndo) eu e a Clau (dotoracr) fomos fazer um treino no Villa Lobos, falamos muito de você e tentamos mandar vários pensamentos positivos para que tudo desse certo e ficávamos a todo tempo no longo imaginando quanto tempo faltava pra vc cruzar a linha de chegada! Enfim deu tudo certo e seu sonho realizado. Parabéns Mari, vc é mega guerreira. Beijos!

    • Gabi, as vibrações positivas com toda certeza chegaram até mim! Corri me divertindo como há muito tempo não fazia, achei que ia ficar preocupada com pace, com tempo final… e nem consegui pensar nisto porque me sentia muito grata só por estar ali. <3 Acredito muito que tudo deu tão certo, porque mesmo longe, muita gente me mandou pensamentos positivos. <3 Obrigada, você e a Clau são amigas queridas que o CM me trouxe e sou muito feliz por isso. 😀

  • Parabéns, Mari!!!
    Vc merece muito e foi muito guerreira e firme nos tempos! Quase chorei aqui só de ler.
    Beijos

    • Ana, obrigada! 🙂 Tentei me preparar ao máximo, e agora os treinos seguem, afinal logo chega janeiro! Vou ter que fazer o relato em duas partes, hahahaha. #NãoSeiSerSucinta

  • Mari, acho que qualquer pessoa que tenha acompanhado a sua preparação para essa maratona sabe o quanto vc se dedicou. Etapa vencida com louvor. Seu relato emociona qualquer um.
    Parabéns por essa conquista e que venha a Disney.

    • Pri, obrigada, você sabe que sem você eu não teria conseguido. Você escutou tanto mimimi no processo, e ter um ombro amigo foi e é algo que me ajuda a superar qualquer coisa. 😉 Obrigada por ser essa pessoa incrível que você é, minha dívida é eterna. 🙂

  • Que relato lindo. Eu acho que toda prova devia ser assim, relaxada, curtindo, sorrindo…sofrer a gente sofre no treino!!! Esse é o dia só de carimbar a carteirinha de corredora, porque saber que a gente consegue isso já se sabe há muito tempo.

    Parabéns pela conquista. Muito feliz por você.

    • Marcela, obrigada! :* <3
      É isso mesmo, eu já imaginava que os treinos seriam muito piores e agora posso dizer que foram mesmo, a prova é a hora de se divertir, de botar a medalha no peito e guardar uma lembrança depois de tanto treino, rs. 😀

  • Poxa me emocionei com seu post Mari!
    Agora só meu deu mais vontade de me tornar também uma maratonista. Vejo que apesar dos treinos sofridos, concluir a prova valem todo o esforço e sacrifício.
    Que venham mais maratonas pra ti.

    Beijos

    • Welly, obrigada! 🙂 Vale MUITO a pena, a sensação ao terminar a prova vale todo o suor e sofrimento dos treinos. 😉 E é muito incrível o clima de uma maratona, muita superação.

  • Só queria dizer que passei vergonha na empresa porque chorei com seu relato, principalmente após os 30k <3 obg por compartilhar!

    • Lívia. <3. eu leio e choro sempre. Foi muito emocionante, haverão outras maratonas na minha vida, mas a primeira... nunca mais, então ela é mega especial e sempre vai me emocionar. 🙂 Eu que agradeço. 🙂

  • Estou emocionada junto com você e muito feliz pela sua conquista. Só quem ama corrida é capaz compreender esse sentimento. Parabénssss, Maratonista!

    • Dani, obrigada! 😉 É verdade, só quem corre entende. <3 Quem não corre deve achar que a gente tem um parafuso a menos por querer correr 42 quilômetros, rsrsrs. 😛

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