Minha corrida: Ana Carô – Quando um objetivo surpresa aparece

No meu aniversário contei para vocês como estava feliz por ter me colocado como prioridade em 2015. Até junho mudei muita coisa na minha rotina, me senti muito melhor e tudo mais, mas não imaginava o tamanho do desafio que estava prestes a enfrentar, sabe? Até ali eu estava feliz da vida treinando meus 5k, fazendo musculação e me divertindo na academia, sem grandes cobranças. No começo de junho participei da primeira etapa da Série Delta e passei a sentir dores no joelho. Há muito tempo meu joelho reclama, mas dessa vez a dor foi absurda. Passei algumas semanas tratando ele como sempre tratava e nada dele melhorar. Aí resolvi ir ao médico e tive que tomar anti-inflamatório, mudar meus treinos e cuidar pra valer dele. Pra valer mesmo, até a fase mais intensa de dor passar eu não poderia abusar do coitado. Por esse motivo resolvi pegar bem leve com a corrida e a musculação. Continuava treinando, mas diminuí a intensidade de tudo, meu foco era ficar sem dor para poder partir para a fase de fortalecer o joelho para ele não doer de novo.

Foi bem nessa época que recebemos o convite da Asics para participarmos da W21k. Nunca tinha passado pela minha cabeça realmente fazer uma meia maratona. Claro que já tinha pensado nisso, mas eu tinha deixado a ideia guardada na gaveta de “coisas que definitivamente não estão nos meus planos no momento” e só. Hahaha. E aí, com esse convite, depois de ver toda a felicidade da Erica por ter se superado ao completa sua primeira meia, resolvi enfrentar o desafio. E aí, minha amiga, foi quando virei gente grande nessa história de corrida, quando realmente experimentei levar a vida de uma corredora à sério (e não, a distância tá longe de ser o motivo disso).

Até então, eu estava correndo há quase 3 anos sem me preocupar muito com desempenho. Sempre falei aqui que sou #TeamPaceTartaruga e sou mesmo, então aumentar minha velocidade nunca esteve nos planos. Eu também sabia que meu joelho reclamava por causa do meu excesso de peso, mas para correr só 5k estava tudo certo, eu não precisava pensar em emagrecer pra isso. Só que ao aceitar completar 21k, tive que parar e pensar em uma estratégia para eu terminar essa distância bem. Não me importava em não completar tudo correndo, em quanto tempo levaria, nem nada. Só queria terminar bem e não quase me arrastando.

A principal decisão: vou treinar para meu corpo se acostumar com o volume da distância e não para que ele tenha um desempenho melhor em velocidade. Falei para o Cauê, meu treinador na 4any1, que queria completar a prova e que não tinha como objetivo algo que eu não tinha certeza de que poderia cumprir bem. Ele entendeu na hora e montou um treino para que em 4 meses eu conseguisse isso. Cumpri todos os treinos, nem que fosse terminar caminhando e nunca em uma caminhada tranquila. Pelo menos eu tinha que caminhar bem rápido, quase trotar. E assim passei por várias distâncias inéditas para mim: 8k, 10k, 12k, 15k, 16k e o tão falado último longão antes da prova, de 18k. Usei as provas que tinha até a data da W21k como treino, alguns outros fiz na esteira da academia para agilizar e, quando deu, corri pela cidade para aproveitar o tempo e a cidade vazia nos domingos de manhã. Queria ter feito o de 18k pela cidade, mas tive que ir para a esteira da academia e Meeeeuuuu Deeeeeus, que tédio. Hahaha. Já estava acostumada a correr na esteira, 90% dos treinos foram feitos nela, mas esse dia foi uma prova de resistência. Assisti jornal, Ana Maria Braga, série…. deu tempo do marido fazer os treinos de musculação e corrida, passear no shopping e ainda ir me esperar para irmos para casa. Haha. Mas foi, fiz. Depois daquilo, enfrentar 21k na companhia de amigas e correndo na rua seria tranquilo. E realmente foi.

Também mudei bastante minha alimentação e a rotina de preparo e compra de alimentos aqui em casa. O Henrique entrou na dança e, juntos, eliminamos 16kg até o dia da prova. Meu joelho agradeceu, nunca mais tive dores como as que senti em junho. A auto-estima também, já que finalmente estou voltando ao peso que tinha quando me formei na faculdade e que sempre foi meu “peso-meta” (se é que isso existe). Comer melhor também me deu mais energia para os treinos e maior disposição. Fez muita diferença.

Terminei a prova numa boa, com os pés cansados mas sem dor alguma. Deu até pra dar uma dançadinha com as músicas que rolavam na arena. Deu para chegar em casa, tomar banho e sair para almoçar. Deu para ir para a academia no dia seguinte caminhar rápido na esteira para soltar um pouco as pernas.

Confesso que depois desses 4 meses super focada me dei duas semanas de descanso. Nesse período fui para a academia só correr o quanto queria, treinar um pouco de musculação, fazer aula de alongamento e bike. Depois voltei ao ritmo normal, porque o corpo já estava pedindo. Engraçado como o corpo acostuma a se mexer mais e você acaba sentindo que precisa de um esforço um pouco maior para ficar satisfeita.

Correr minha primeira meia maratona foi um objetivo que apareceu de surpresa, mas que agradeço muito por ter topado. Agora posso entender melhor quando alguém diz que mudou a rotina por causa de uma prova-meta, que está se esforçando para conquistar algum objetivo maior na corrida (e isso pode ser qualquer coisa, até os primeiros e suados 5k). Nunca desistam ou tenham medo de enfrentar um desafio que te encha os olhos. Aquele lance de ter foco, força e fé é bem real. Se você acredita que pode, vai lá, traça uma estratégia e conquista. Você consegue, tenho certeza.