Hoje, 26 de junho, é comemorado o Dia Nacional do Diabetes. A data é uma iniciativa do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde para alertar sobre os riscos da doença e também trazer mais informações sobre como os diabéticos podem levar uma vida saudável e de qualidade – que pode incluir a corrida, sim! 🙂
O diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina – o hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue – ou não consegue usar adequadamente a insulina que produz. São dois tipos principais: o tipo 1, que corresponde de 5% a 10% dos pacientes, acomete pessoas mais jovens (80% apresenta o quadro antes dos 18 anos) e é causado pela destruição autoimune das células produtoras de insulina; e o tipo 2, que corresponde a mais de 90% dos casos, acomete habitualmente pacientes acima de 40 anos e tem relação direta com o sedentarismo e a obesidade.
De acordo com a médica Yolanda Schrank, endocrinologista do laboratório Bronstein, tanto o diabetes tipo 1 quanto o tipo 2 têm componentes genéticos, mas fatores ambientais são determinantes para o desenvolvimento da doença. “Quem tem pais diabéticos tipo 2 mas segue um estilo de vida saudável pode não desenvolver a doença. Já no diabetes tipo 1, o gatilho parece ser desencadeado por fatores ambientais, sobretudo infecções virais, em pessoas geneticamente suscetíveis”, explica.
O diabetes tipo 1 não tem cura, enquanto o diabetes tipo 2 pode ser revertido com a adoção de novos hábitos. “Por ser uma doença que surge mais precocemente, os indivíduos com diabetes tipo 1 correm mais riscos de apresentar complicações. Também apresentam maior risco de hipoglicemia e são dependentes de insulina. Já o diabetes tipo 2, na maioria das vezes, é controlado com mudança no estilo de vida e drogas antidiabéticas”, comenta a dra. Yolanda. “A atual ‘epidemia’ de obesidade é, inclusive, a principal causa do aumento de pessoas com diabetes tipo 2 no mundo ocidental”, ressalta.
Por tudo isso, a prática de atividades físicas não só é recomendada como melhora a resistência insulínica e o controle do diabetes, além de promover bem-estar e estimular a função cardiovascular, então deve ser incentivada sempre que possível. Contudo, é preciso monitorar os níveis glicêmicos antes, durante e após o exercício, especialmente em treinos mais longos e se você é dependente do uso de insulina. “Isso é tão fundamental para saúde do paciente diabético como o próprio exercício”, ressalta Yolanda.
Orientações para corredores diabéticos
Antes de iniciar a atividade: o primeiro passo é consultar um médico para que você seja orientado sobre o uso correto da insulina durante seus treinos (caso precise) e ajustar o aporte de carboidratos e a dose da insulina de acordo com os níveis de glicose registrados.
Durante o treino: é recomendado monitorar a glicemia de 30 em 30 minutos no intuito de observar a tendência da glicemia (de subida, de queda ou de estabilidade) durante a atividade, o que permite otimizar a ingestão de carboidratos e a administração da insulina, garantindo assim maior segurança e rendimento durante o exercício.
Após finalizado o exercício: é recomendado manter a monitorização dos níveis glicêmicos durante as próximas horas, uma vez que, para repor os estoques de energia do fígado e dos músculos, o organismo retira o açúcar do sangue, fazendo seus níveis caírem.
Como regra geral, quanto mais intensa e demorada a atividade física, maior é o risco de hipoglicemia tardia. Segundo Yolanda, é possível observar a queda da glicose até 8 horas após encerrada a atividade. “Indico fazer um lanche rico em carboidratos complexos após o exercício, como barras de cereais, aveia e granola, de forma a prevenir a queda da glicose”, recomenda.
E o gel de carboidrato, pode ou não pode usar?
Não só pode como deve! Yolanda explica: “em pessoas com diabetes, assim como em pessoas sem diabetes, é muito importante garantir uma boa hidratação e um adequado aporte de carboidratos antes e durante as corridas de longa distância. Como regra geral, são recomendados de 30 a 50 gramas de carboidratos a cada hora de atividade física, sendo indicado o uso de géis ricos em glicose para evitar a hipoglicemia durante o exercício”.
Se você tiver mais alguma dúvida sobre diabetes, deixe nos comentários! 😉
Dra. Yolanda Schrank é endocrinologista integrante do corpo clínico do laboratório Bronstein Medicina Diagnóstica. Médica integrante do Canal do Médico/Setor de Provas Fucionais – DASA e do Serviço de Endocrinologia do Hospital Federal de Bonsucesso. Especialista em Endocrinologia e Metabologia – SBEM/AMB, tem mestrado em Endocrinologia e Metabologia pela PUC-RJ.
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