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Corrida da Leitora: Karina e Carla, melhor dupla feminina no Desafio 28 Praias Costa Sul

Vencedoras na categoria, elas contam em detalhes como foi a prova!

Se você curte corrida de aventura, com certeza já ouviu falar no Desafio 28 Praias, a maior maratona trail do litoral brasileiro. A prova acotnece na cidade de Ubatuba (SP) e, este ano, terá duas edições. A Costa Sul aconteceu no último dia 14 de abril e a próxima, Costa Norte, será em 22 de setembro.

Cada etapa conta com 42 km com subidas e paisagens de perder o fôlego. Todo mundo que participa é unânime em dizer o quão lindo é esse percurso! A disputa acontece nas categorias solo 42 km e 21 km, além do tradicional revezamento em duplas, trios, quartetos e quintetos para o percurso de 42 km.

No ano passado, a Lucia contou pra gente como foi fazer a prova de 42 km solo. Agora temos a alegria de compartilhar com vocês a história da Karina Jesus Pinto e da Carla Francieli, vencedoras na categoria Dupla Feminina nesta última edição. 😀

Ambas já tinham participado do Desafio 28 Praias anteriormente: a Carla correu em 2017 em quinteto. Já a Karina completou o Desafio em 2016 e 2017 em dupla com sua irmã, Caren (que este ano precisou fazer uma pausa para dar um sobrinho para a Karina, rs). Aliás, as irmãs também fizeram parte da nossa equipe no Revezamento Bertioga-Maresias em 2016. Ou seja, experiência com esse tipo de prova não faltava. 😉

Continue lendo e inspire-se com essa história!

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Carla (à esquerda) e Karina trocam o bastão no PC 3

A sugestão de formarmos uma dupla surgiu das irmãs Uehara’s, apelido carinhoso dados para as irmãs Cristiana e Laura, nossas queridas amigas. Além de nos apoiar, elas ainda apostaram que conseguiríamos dar uma “beliscadinha” em algum troféu por lá, rs… Por conta do nível técnico da prova e das competidoras, logo dissemos que isso era algo um pouco distante, mas que com certeza nos dedicaríamos para fazer o nosso melhor!

Como treinamos na mesma assessoria, pegamos orientações com nosso coach Carlos Mello e, dentro do perfil de cada uma, ele definiu quem faria cada trecho. Nos conhecemos há pouco tempo, mas o suficiente para confiarmos uma na outra e saber que nossos objetivos se encaixavam.

Como iríamos fazer os trechos intercalados, precisávamos de um carro de apoio. Como a Adélia (mãe da Karina) já conhecia a prova por ter participado em 2017, fizemos a proposta e ela de pronto aceitou! Definido esses detalhes, começamos os treinos mais ou menos um mês antes da prova.

Os treinos foram puxados, pois queríamos ganhar velocidade. Assim foram se passando os dias, entre tiros na semana e longos nos finais de semana. Pouco antes da prova, a Karina ficou gripada e não conseguiu treinar, o que foi motivo de preocupação, mas seguimos em frente… Até que finalmente o grande dia chegou!

Com o kit em mãos, fomos para Ubatuba na sexta-feira à noite. Chegamos lá quanto já era meia-noite. Ficamos hospedadas na casa de um colega da assessoria junto com outros corredores. Arrumamos tudo para o dia seguinte, fomos dormir e acordamos no sábado às 4h30 da manhã!

A Carla iniciou o primeiro trecho (Tabatinga/Caçandoca): durante os 15,2 km, variando entre areia, terra e vários singletracks, o que mais me motivou foi ouvir outros atletas dizendo que eu tinha fôlego, que eu estava sobrando na prova e que era para eu passar. Isso me fez crescer, me sentir viva! Aproveitei e ganhei muito tempo, fechando o trecho mais rápido do que prevíamos. Entreguei o bastão e disse pra Karina “Somos a segunda dupla, vá e dê o seu melhor!”.

Era a vez da Karina: o segundo lugar já era para nós, um resultado além do que esperávamos. Segui firme. Mais adiante, no final do trecho Caçandoca/Maranduba, havia a travessia de rio e, apesar de ter um barco, eu não queria pegá-lo, pois acrescentaria 10 minutos no nosso tempo. Quem corre sabe que esse tempo faz uma grande diferença no final! Observei rapidamente e vi algumas pessoas atravessando. Então perguntei a alguns moradores do local “Acham que dá pé pra mim?”, eles responderam “Acho que não!”. Mais adiante, repeti a pergunta e a resposta foi a mesma, mas não desisti… Cheguei no rio, vi um staff e fiz a meeeesma pergunta (afinal, sempre há esperança de que a resposta seja mais favorável, né? rsrs) e a resposta foi “Tem colete” (hahaha, não teve jeito!). Peguei o colete, me joguei na água e fui. Continuei o terceiro trecho (Maranduba/Lagoinha) e, durante todo o percurso, não me preocupei com nossa posição, pois sabia que ambas fariam o que era para fazer. Ainda assim, fechei em um tempo menor do que o previsto.

Carla retornou no 4º trecho (Lagoinha/Fortaleza): antes de voltar a correr, já havia comido, trocado as meias, reabastecido a bag com água e supervisionado se a alimentação era suficiente para os próximos 8 quilômetros. Não demorou e a Karina chegou, me passando o bastão. Segurei firme nas mãos… Nenhuma palavra, mas um enorme sorriso! Aquilo foi suficiente para ambas entenderem que, ali, entregávamos uma para a outra o mesmo desejo. E fui! Atravessei um riozinho que ajudou acordar a musculatura e, entre tanto sobe e desce, escorregões e “quases” (que são inevitáveis, rs), encontrei num singletrack algumas atletas descendo com mais cautela. Fui e, assim que passei por elas, ouvi comentarem entre si “Um dia quero descer uma piramba dessas como ela”. Olhei para trás, ri com elas e gritei “Bora, meninas!”. Logo cheguei no final do quarto trecho, devolvendo o bastão para a Karina.

A Karina ficou responsável por correr o 5o e útlimo trecho da prova (Fortaleza): nesse ponto, é necessário pegar um transfer para chegar até a praia. Antes, me alimentei, conferi a quantidade de aguá na bag e coloquei um tênis mais adequado para o percurso. Chegando no local para pegar o transfer, não consegui entrar no primeiro que saiu. Demorou um pouco, mas logo chegou outro. O trajeto demorou muito e comecei a ficar em pânico, afinal, o tempo previsto para a Carla completar seu trecho já estava chegando. Desci do transfer correndo e foi por pouco, cheguei no PC e a Carla chegou logo em seguida, não deu nem tempo de descansar! Esqueci tudo e fui adiante. Nesse trecho, a maior parte é asfalto e subida, claro, mas mais fácil do que os outros. Fechei também com um bom tempo e, por conta da demora do transfer, a Carla não chegou a tempo para cruzar a linha de chegada comigo. Naquele momento, não fazia a menor ideia de qual era a nossa classificação, mas era o que menos importava, pois quando olhei o cronômetro, tive a certeza de que havíamos feito uma excelente prova. A sensação que tive foi incrível!

Terminada a prova, nos reunimos com o restante da equipe da assessoria, enquanto aguardávamos o resultado oficial. O resultado foi afixado e, sem querer acreditar, estava lá: SIM… CAMPEÃS! Campeãs daquele desafio! Fomos merecedoras por toda dedicação, por todo o foco e determinação!

O que é que levamos disso tudo?

Que devemos ser simples. Que devemos reconhecer no outro, principalmente, as suas inseguranças e topar estar junto mesmo assim. Que é preciso saber dar a mão, saber ouvir e ser ouvida. Que é preciso acreditar que podemos, mas que, se não der, ok. Tudo isso trará muitas coisas boas e nos tornará mais fortes, nos agregará conhecimento e, no final, seremos enriquecidas de coisas boas, de lições que nenhuma outra escola da vida nos ensinará!

Se você quer algo, DESEJE, trabalhe para que aconteça, confie e vá à luta!

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