O Corrida da Leitora de hoje está mais que especial! Temos um relato inspirador da Juliana Isliker, que levou um susto durante uma meia maratona, mas, mesmo assim, não desistiu da prova e seguiu em frente! 🙂
Adepta da meditação mindfulness, a Ju é engenheira por formação e trabalha como coach de desenvolvimento humano, especialista em constelação sistêmica. Já queremos agradecer por dividir sua história conosco! [fa type=”heart”]
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Oi, eu sou a Ju!
Assim como as meninas do Corre Mulherada – e como muitas de vocês – eu AMO correr. Descobri minha paixão pela corrida por volta de 2003, quando morava em frente a uma praça, em São José dos Campos (SP). Quando voltava do trabalho, via um monte de gente correndo e achava aquilo horrível (eu tinha trauma de corrida – mas isso é outra história!). Só que, todos os dias, tinha tanta gente correndo por tanto tempo, que comecei a me interessar. Aí, pedi ajuda de uma amiga adepta da modalidade e… Fui picada pelo bichinho da corrida! De lá pra cá, nada de parar: a cada corrida aprendo algo novo, a cada dia eu me descubro mais e mais.
Foram muitas histórias, outras tantas idas e vindas. Tenho causos para vááários textos, mas preciso focar! Hahaha… Hoje, escolhi contar para vocês sobre uma corrida que me marcou muito: a W21k de 2015, aqui em São Paulo, com a largada na USP. A corrida é uma das mais organizadas que já fui, tem muitos postos de hidratação, banheiros, médicos e uma infraestrutura muito legal, tanto na largada quanto na chegada.
Eu estava voltando de uma pneumonia, então não tinha conseguido treinar da maneira que eu gostaria. Na data da prova, já estava bem recuperada e o meu assessor me disse para ir tranquila, não exigir demais e correr no ritmo que eu aguentasse. Mas, gente, quem disse que eu ouvi? (Aliás, quem ouviria?! Confessem!! ) Estava tão feliz por voltar a correr depois da pneumonia e não estar cansada nem nada, que corri no meu ritmo mesmo e estava tudo certo.
Só que, lá pelo km 11, eu tive um pequeno acidente: eu caí!
Já tinha ouvido histórias de corredores que caíram; tenho uma colega da minha empresa que caiu correndo (na USP também) e que teve até que fazer cirurgia no maxilar e tal. Só que eu… eu nunca tinha caído. Olha, jamais vou esquecer a sensação, gente! Tropecei, fui catando cavaco, tentando me equilibrar, mas nada! Me espatifei no chão! Foi lindo! E ridículo ao mesmo tempo! Hehehehe…
O que eu mais gostei (se é que dá pra gostar de alguma coisa) foi que muita gente parou para me ajudar. Foi então que comecei a ver que estava tudo mais ou menos bem (mais ou menos porque não estava sentindo nenhuma dor muito forte, a não ser a da queda mesmo). Então, a primeira sensação foi de alegria por não ter quebrado nada. Só que as meninas que me ajudaram estavam me olhando com uma cara, digamos, estranha. Foi isso o que mais me assustou! Por sorte (e graças à boa organização da prova) tinha um posto médico logo em frente. Uma corredora muito fofa quis continuar andando ao meu lado, trotando até eu chegar lá. Lembro que era no próximo km.
Ao chegar ao posto, a enfermeira-chefe me falou que eu precisaria levar dois pontos no queixo. Gente, juro que não pensei em mais nada. Só estava decidida a não desistir ali. Não sei mesmo que força me moveu, mas eu simplesmente não queria parar. Perguntei pra ela se eu poderia continuar e depois ir para o hospital. Ela me olhou com uma cara de: “vocês são todos loucos!”, mas me deu o aval que eu precisava e então decidi continuar mais um pouco.
Entre o km 12 e o km 14, eu andava e trotava. Não estava correndo como eu queria, mas pelo menos não tinha desistido. É aí que entra uma outra paixão: a atenção plena, ou mindfulness. Li um livro chamado Running with the Mind of Meditation, do Sakyong Mipham que é sensacional. Ele fala muito do encontro com você mesmo durante a corrida, do momento de introspecção que podemos (se quisermos) encontrar na prática desse exercício e como conseguimos fazer essa conexão com a gente mesmo. Nesse momento, pensei que seria uma oportunidade de me conectar com tudo aquilo que eu estava sentindo. Pensei que estava, sim, doendo (cada passada que eu dava, o queixo doía – e, se eu corresse, latejava), mas que isso não era o suficiente para eu desistir. Que eu ia me concentrar no momento presente, concentrar meu esforço no kms que estavam por vir e completar a prova.
Aqui abro um parênteses: desde a primeira vez que corri uma meia-maratona, aprendi a dividir a prova em três provas de 7 km. E eu estava chegando para a minha terceira prova de 7 km dentro daquela meia-maratona.
Enfim. Decidi que nos próximos 7 km eu iria correr. E que minha mente iria me impulsionar, não me segurar. Foi o que eu fiz! Entre os km 14 e 21 eu corri, como se nada pudesse me impedir. Meu foco era tão grande na prova, no meu corpo e nos meus movimentos que não tomei o carboidrato em gel que tinha levado, mal bebi água (naquele dia estava meio frio/garoando) e terminei a prova muito, muito feliz.
A sensação de realização e de superação nesse dia foram inigualáveis!
Assim que acabou a prova, nada de ir pro hospital. Não bastasse a vergonha de ter caído durante a corrida, eu não iria aparecer no médico toda suada e largada. Então fui pra casa, tomei um banho e, finalmente, fui procurar um médico. Ao chegar lá, chamaram a cirurgiã plástica que analisou o corte e disse que tentaria não dar pontos. Ela fez aquilo que chamam de ponto falso (ele cai sozinho depois, nem precisei voltar pra tirar os dois pontos que ela deu).
Fiquei um tempo com aquele curativo horrível no queixo. Depois, ficou uma pequena cicatriz que não me deixa esquecer o que aprendi naquele dia. Muito mais que o vexame que passei, ela me lembra todos os dias que eu posso me levantar sempre que eu cair. E que a superação que guia nossas atitudes pode começar com um tombo… Mas não pode acabar com ele!
A Corrida da Leitora é um espaço para compartilhar histórias, conquistas, superações, dicas e muito mais! Quer participar? Preencha o formulário e entraremos em contato.
Que história inspiradora! Que superação!
Essa semana cai durante um treino (cortei gengiva), bati queixo, nariz inchado e tenho machucados no corpo. Uma pessoa muito solidária me ajudou e disse “não desiste de correr”. E não vou desistir. Muito bacana ler a história de uma corredora que não parou de correr.
Parabens pela conclusão da prova!! Sei que foi no ano passado, mas admirei a sua historia em continuar… E realmente isso que a corrida significa: um periodo de reflexao de introspecção… preciso voltar a fazer isso, sinto muita falta da corrida, nao sei porque ainda nao voltei… Beijos!!