Aqui sempre falamos sobre a corrida, atividade física de um modo geral e dieta (sempre!), mas dessa vez vim falar sobre a alimentação na infância e o aumento do percentual de crianças obesas na infância. Há bastante tempo quero “levantar essa lebre” aqui no blog e finalmente consegui. Acho que passou da hora dos pais, tios, avós (principalmente), professores e cuidadores prestarem atenção no que estão dando para as crianças comerem.
Primeiro conselho antes que você comece a ler esse post: nada de xingar euzinha aqui. Tudo o que vou mencionar tem como parâmetro o que vi, vivenciei, li e conclui, não sou uma profissional da área (nem médica, nem nutri, nem educadora física), mas acho esse assunto super interessante.
Os dados são alarmantes. Segundo o site da Agência Brasil, com base nos dados do IBGE de 2010, entre as crianças de 5 a 9 anos, o sobrepeso atinge em média 33% . Já a obesidade constatada ficou na média de 15%. Razão: aumento no consumo de alimentos industrializados e calóricos e diminuição da prática da atividade física. Truco!
Você lembra da sua infância? Eu lembro direitinho da minha! Lembro que minha mãe só comprava refrigerante no domingo, que contava quantos biscoitos recheados eu e minha irmã podíamos comer, que me obrigava a comer sopa de legumes (que eu lotava de queijo ralado porque não suportava o sabor) e suco de frutas (mamão e laranja batidos juntos – e eu nem podia disfarçar o sabor com queijo ralado). Sei que o refrigerante e os biscoitos contados eram por causa da grana curta, mas a sopa de legumes e o suco eram por causa da alimentação saudável (eu e minha irmã não comíamos salada na infância e pra falar bem a verdade, passei a comer legumes e verduras depois de velha por conta das dietas e controle de peso).
Com o passar dos anos, a renda familiar aumentou. O maior exemplo disso é o acesso das crianças à cantina da escola. Na minha época (cof, cof, cof) levávamos lanche de casa para a escola porque eram mais saudáveis minha mãe não tinha grana para me dar (minha mãe até que se ligava nessas coisas saudáveis, mas não era paranóica como eu, cof cof cof). Junto com o aumento da renda familiar, deveria ter havido também uma educação alimentar, dessa forma o sobrepeso dos habitantes do nosso país não teria aumentado.
O negócio anda tão sério que a Anvisa entrou na parada e restabeleceu o padrão de sódio de alguns alimentos. Ao meu ver, essa medida é paliativa, o que deve rolar mesmo é uma educação alimentar para as crianças em casa e na escola. Falando em escola, sou super a favor das escolas vestirem a camisa da alimentação saudável e ficarem de olho no que vende nas cantinas.
Como eu acredito que a educação alimentar que a minha mãe me deu (mesmo que tenha sido mais por falta de grana do que conhecimento) foi fundamental para os meus hábitos de hoje, sugiro que preste bastante atenção no que introduz na alimentação do seu filho. Tá na dúvida se vale a pena falar aquele “não”? Pare e imagine seu filho tendo que fazer dieta porque está acima do peso. Isso sim é muito pior. O lance é o equilíbrio, sempre!
Selecionei algumas dicas de como ter uma alimentação saudável (valem para os papais e os filhos):
1. Não faça estoque das famosas “besteiras” – Deixe o refrigerante, chocolate, biscoito recheado devem ficar fora da lista do supermercado. Compre apenas quando necessário e o mínimo possível.
2. Faça escolhas saudáveis – Troque o sorvete por picolé, o suco de latinha por suco natural, o açúcar refinado por demerara (ou até mesmo o cristal), o biscoito recheado por biscoito de leite, o salgadinho industrializado por pipoca feito na pipoqueira, etc.
3. Faça 6 refeições ao longo do dia – As 3 refeições principais e 3 lanches, sempre com escolhas saudáveis.
4. Coma frutas, verduras e legumes – Quanto mais variado, melhor. O paladar fica aprimorado. E a fruta pode ser uma ótima opção de sobremesa.
5. Faça atividade física, incorpore-a na rotina da sua família. Não espere ter que perder peso para isso – Corrida, caminhada, levar o filho para o parque, subir escada, andar de bicicleta, academia, o válido é se mexer.
6. Beba bastante água (inclusive no inverno).
7. Dê preferência aos cereais integrais – Troque o arroz branco por arroz integral, o pão francês por pão integral, etc.
8. Troque o tempero pronto por cebola, alho, sal, salsinha e cebolinha. Se a estiver liberado pelo pediatra, incorpore outros tipos de tempero no preparo dos alimentos (por exemplo, pimenta do reino).
Para os bebês:
1. Aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida do bebê (sei que nos dias de hoje isso ainda é um mito, mas se você tem disponibilidade use e abuse da amamentação exclusiva e de livre demanda).
2. Zero açúcar no 1º ano de vida.
3. A partir de 1 ano alguma coisa adoçada já é permitida, mas pouquíssima coisa (picolé de frutas, bolo caseiro, biscoito de maisena. Mas tudo em pouca quantidade, sempre!). Nada de leite, chá ou suco adoçados.
4. Evite ao máximo fritura, se possível, não dê nada frito.
5. Cuidado com os corantes. São usados com frequência nos produtos industrializados e pode dar alguma alergia, principalmente nos bebês.
6. Troque o bolo da padaria por bolo caseiro (aquele sem sabor, de cenoura – sem cobertura, de milho, de laranja).
7. Nada de batata frita daquelas congeladas, se não quer privar seu filho, troque por batata feita em casa (batatas industrializadas nem pensar).
8. Ao temperar a comida do bebê, deixa-a o mais parecido com a sua. Não é a comida do bebê que deve ser sem sal e sim a da família toda que deve conter pouco sal e mais temperos.
9. Apresente a comida ao seu filho pelos nomes corretos – Alface é alface, couve é couve, não generalize. Desta forma ele irá saber o que está comendo e se não gostar de algo saberá identificar o que é.
Para complementar a leitura, vale assistir ao documentário Muito Além do Peso.
Criança não precisa de doce para ser feliz! Criança precisa de espaço para correr e brincar.